Recentemente, chamou atenção a fala do Prefeito de Chapecó, João Rodrigues, em uma escola do município. Ao se dirigir aos jovens estudantes, destacou a necessidade do resgate dos valores fundamentais para a convivência social: justiça, respeito e generosidade. Valores que, além de estruturarem uma sociedade coesa, também sustentam a vida em comunidade.
No entanto, vivemos em um tempo em que outras referências parecem ter mais peso: a celebridade, o sucesso individual e a autopromoção. Esses falsos valores sobrepõem-se à ética, à responsabilidade e à solidariedade, corroendo silenciosamente o tecido social. É nesse ponto que se faz necessária uma reflexão sobre a ausência de sentido real nas conquistas humanas quando estas são motivadas apenas pela vaidade.
A ilusão da “vaidade” carrega em si o significado de vazio, de devaneio. Representa o desejo de ser admirado, a busca pelo status e a preocupação excessiva com aparências. É uma inclinação natural do ser humano querer ser aceito e reconhecido. Contudo, quando se torna a motivação central das ações, a vaidade deixa de ser estímulo para se tornar armadilha.
Até mesmo boas obras podem ser contaminadas pela vaidade, quando feitas apenas para receber aplausos. A advertência bíblica é clara: “Quando deres esmola, não toques a trombeta diante de ti, como fazem os hipócritas… em verdade vos digo: já receberam a sua recompensa” (Mt 6,2-4). A verdadeira recompensa não está no reconhecimento público, porém no bem realizado em silêncio, com sinceridade.
Reportando se ao vazio das conquistas, o livro de Eclesiastes sintetiza essa reflexão em uma das passagens mais conhecidas: “Vaidade das vaidades, tudo é vaidade” (Ecle 1,2). De que serve acumular riquezas, fama e prestígio, se no final tudo se mostra inútil? O apego às glórias mundanas produz apenas insatisfação, porque a felicidade buscada em coisas transitórias nunca se sustenta.
A vaidade, nesse sentido, é uma das mais perspicazes formas de destruição moral. Ela afasta a alma de seu verdadeiro propósito e corrói valores que deveriam ser permanentes. O orgulho, aliado à vaidade, conduz à ruína; a humildade, por sua vez, abre caminho para o equilíbrio e a serenidade.
Ao reconstruir templos derrubados, a vaidade pode até parecer inofensiva, contudo, age como uma força silenciosa que derruba templos de virtude. Nossos maiores desafios não estão em erguer monumentos de glória pessoal, e sim, em reconstruir colunas firmadas na justiça, no respeito e na generosidade.
Isso implica resgatar valores autênticos, não como discurso, porém, como prática diária. Implica também reconhecer que a verdadeira grandeza está em servir sem esperar aplausos, em agir com humildade e em cultivar um espírito voltado ao bem comum. Em uma sociedade sedenta por aparências e prestígio, talvez a mais revolucionária das atitudes seja exatamente a mais simples: agir com propósito, e não com vaidade.
Chegou a hora de reconstruirmos o templo derrubado, erguendo colunas ao respeito, a justiça em conformidade a nossa carta magna e generosidade.
𝗩𝗶𝘁𝗼𝗿 𝗔𝘂𝗴𝘂𝘀𝘁𝗼 𝗞𝗼𝗰𝗵
𝗣𝗿𝗲𝘀𝗶𝗱𝗲𝗻𝘁𝗲 𝗱𝗮 𝗙𝗖𝗖𝗦-𝗥𝗦